Para ler escutando “Essa Eu Fiz Pro Nosso Amor” – Jao
Montei na garupa com medo, semi congelado mesmo.
- Está pronto?
- Definitivamente não. – respondi
- Pode me abraçar.
Te abracei apertando firme, já fechando os olhos. Senti o vento em meu corpo e abri os olhos devagar, afrouxando um pouco o apertão que te dei quando saímos do lugar. Observei a paisagem urbana se transformar em montanhas, em cidadezinhas pequenas… até pararmos num lugar daqueles com cara de aconchego, sabe?
- Ué, onde estamos?
- Preciso te descongelar do medo inicial.
- To bem.
- Sei… mas vai recusar um café?
- Caféééé! – respondi quase tropeçando pra descer da moto.
- Sem acidentes – você me disse rindo
Te abracei brincando “to vivoooo” e você me olhou com aquele seu olhar. Aquele que me derrete mesmo numa tempestade de neve.
Ao entrar no restaurante um buffet caprichado com mesinhas e sofás ao redor. Pegamos a comida e já fui pro sofá, sentando daquele meu jeito estranho, você sentando ao meu lado.
- Ainda não enjoou de mim?
- É possível?
- Ah… – olho pra baixo e ficam alguns segundos de silêncio.
- Experimenta esse bolo.
- Oi?
- Experimenta, é gostoso.
Você pega um pedaço e leva a minha boca – realmente o bolo é bom pra caralho, e olha que nem gosto de maracujá. Termino de comer e quando vou responder vejo novamente seus olhos perto dos meus, sua boca tão perto… mas tenho medo e me afasto.
- O que houve?
- Nada.
- Então por que você se afastou?
- Porque… não é nada.
- Por favor?
- Porque… porque você sabe que eu gosto de você, caralho.
- Eu também gosto de você.
- Não assim…
- Assim como?
Te olho nos olhos, tentando encontrar que é mentira, duvidando, mas me perco rápido, me aproximo, minha mão na sua barba e a sua no meu cabelo, os lábios se aproximando…
- Jack?
- Oi?
- Vai querer experimentar o bolo?
- Eu preciso ir ao banheiro.
Saio correndo com as lágrimas já brotando. Já não somos mais quem éramos. Não somos mais dois jovens apaixonados – ou somos? Mas é tão difícil. Vários textos que fiz sobre nosso amor em minha mente mas o ponto final sobrepõe todos eles apertando meu peito e não sei mais o que fazer, como respirar. Eu preciso desistir de nós. Eu precisava que não fosse um ponto final, apenas um ponto e vírgula… eu preciso…
Escrito por: Jack Dias